PRAZO DE SUBMISSÃO
Até 31 de julho 2024.
RESUMO
Na literatura, os jogos de alteridade sempre estiveram presentes. A escrita de uma história particular é atravessada pelas percepções de outros, que, por sua vez, entram no diálogo e na construção do olhar sobre si e sobre o mundo. Na contemporaneidade, esse tema tem ganhado mais ênfase nas produções literárias que procuram inscrever um eu em primeira pessoa, reflexivo, deixando ainda mais explícitas as marcas de sua subjetividade. Nesse sentido, os traços autobiográficos somam a esse debate e fazem repensar as fronteiras entre o ficcional e o real, ampliando também as noções de autoria. Desse modo, esta proposta temática busca investigar as relações de si e do outro inscritas nos textos literários contemporâneos, focando nos romances latino-americanos. Entendemos as escritas de si como um dispositivo narrativo que vai mobilizar a memória para contar a história de um eu, que avalia sua própria história a partir do presente. Nessas narrativas, as memórias são investigadas não só na esfera factual, como também na esfera ficcional. Isso porque se toma por base a compreensão moderna de que tudo aquilo que foi, que já aconteceu, é passível de ser reconfigurado e reelaborado a partir do presente. A respeito da memória individual, Halbwachs (2017) afirma que ela não está isolada, ao passo que para “evocar seu próprio passado, em geral a pessoa precisa recorrer às lembranças de outras, e se transporta a pontes de referências que existem fora de si, determinados pela sociedade” (Halbwachs, 2017, p. 72). Nesse seguimento, o indivíduo evoca seu próprio passado por meio da recorrência de suas lembranças e de lembranças alheias. Além do mais, no terreno da memória coletiva, seus limites podem ser mais estreitos ou mais largos. Ou seja, não é cabível nos lembrar de algo pelo qual não vivenciamos. Halbwachs (2017) alerta que para relacionar-se com o passado, um indivíduo se mune não apenas de suas próprias memórias, mas também das memórias de outrem. Logo, no campo da literatura, as instâncias de arquivos pessoais, ou ainda públicas, passam a compor a trama dos textos e propõem novas reflexões sobre as relações sociais nos espaços, a partir de uma dimensão íntima dos narradores. O enfoque sobre si e sobre o outro estão imbricados, de modo que nas narrativas de escrita de si essa relação é abordada, inquirida e ressignificada. Assim, esta proposta de e-book pretende acolher pesquisas que versem sobre esse diálogo presente nos textos literários, investigando, entre outros possíveis pontos, as escritas híbridas no contemporâneo; a memória como dispositivo literário; as discussões em torno da identidade; os limites da autobiografia; a questão dos testemunhos. Para embasar tais discussões, consideramos sobretudo nomes como Maurice Halbwachs (2017), Diana Klinger (2016), Florencia Garramuño (2014), entre outros.
ORGANIZAÇÃO
🔗Isabela Lapa Silva (UFMG)
🔗Solange Regina da Silva (UFPE)
🔗Deividy Ferreira dos Santos (UFPE)
Idiomas aceitos na submissão de textos
Língua portuguesa e Espanhol